Baía dos Golfinhos - Praia do Curral

Baía dos Golfinhos - Praia do Curral

Uma das praias mais lindas que temos em nossa região e uma das mais protegidas com seus paredões de falésias de 20 a 30m de altura.

Nas suas extremidades possui um fundo de pedras remanescentes da falésia que em algum momento da história se estendiam além do que vemos hoje. Sua areia batida é beijada pelas ondas calmas que diariamente assentam a bancada nas variações de maré.  Já ao pé das falésias que a rodeiam, a areia fofa e a vegetação rasteira predomina, a coloração e as formas esculpidas nos paredões das falésias ao longo dos anos também são uma beleza a parte.

A Baía dos Golfinhos só é acessada caminhando pela praia, vindo da Praia do Centro ou desde a Praia do Madeiro, uma das razões pela qual ela é a mais protegida e menos explorada. Em cima de suas falésias se encontra o Santuário Ecológico com seus belos mirantes e mata preservada, por estar abaixo de uma área protegida, não é permitida a construção de escadarias como se vê por exemplo na Praia do Madeiro.

Outra questão da acessibilidade se dá pela variação das marés, em nossa região temos uma variação das marés ao redor de 3 metros diariamente em uma escala que vai do 0,0m a 3,0m da maré baixa para a alta maré.  Como suas extremidades e parte do caminho para a Baía dos Golfinhos é composto de areia batida e pedras, dependendo da época do ano, das correntes marítimas e dos ventos, trechos que antes eram passarelas de areia firme podem de um dia para o outro se tornarem trechos de pedras sólidas e pontiagudas, portanto, o acesso seguro até a Baía dos Golfinhos se dá durante a maré vazante onde na maioria do tempo é possível contornar as pedras afiadas andando pela areia.  Pela mesma razão, a saída da praia deve ocorrer preferencialmente antes da maré enchente, quando a maré sobe, o trajeto fica mais estreito, o mar encobre os trechos de areia e então o caminho fica complicado, pois se dá entre o paredão natural de falésia de um lado, pedras afiadas embaixo dos pés e ondas batendo nas mesmas pedras do outro lado.

Há pouca estrutura turística na Baía dos Golfinhos, nenhuma estrutura sólida construída. Basicamente existem algumas poucas escolas de surf, alguns guarda-sóis e espreguiçadeiras que alguns nativos levam diariamente com seus isopores    grandes e pesados carregados com coco gelado, cerveja, água e refrigerantes, transportados por cima das pedras e areias em carrinhos de mão. É um percurso árduo feito diariamente para a conveniência dos banhistas, portanto não se assuste em pagar um pouco a mais pelas bebidas disponibilizadas por ali.

A Baía dos Golfinhos além de ser exótica, semi-deserta e com mais de 60% de sua área inexplorada, ganha seu nome atual devido a enorme frequência dos golfinhos.  É praticamente impossível não assistir ao show diário desses lindos animais marinhos, sua frequência se dá justamente pela formação de baía, que permite que os golfinhos persigam os cardumes de peixes de alto mar para as águas mais rasas da praia, os encurralando e tornando esta praia um banquete para esses dóceis animais sociais.  Ali eles pescam, brincam, se procriam e esse espetáculo pode ser visto, ouvido e até sentido bem de perto por todos os banhistas, mesmo nas águas mais rasas na altura da cintura, é possível com um pouco de sorte tê-los nadando a poucos metros de distância.

A Baía dos Golfinhos era conhecida como Curral, antigamente, os nativos pescadores tinham a prática ancestral e artesanal da construção dos currais de pesca que funcionam como um corredor de varas alinhadas chamado de espia, por onde na maré cheia os peixes entram até um circundado de varas ao fundo mais próximo da praia chamado de salão, de onde não conseguem depois sair.  Na maré seca os pescadores retornam para pegar os peixes aprisionados no salão do curral. Houve um tempo também que havia uma escadaria no inicio da Baía dos Golfinhos que levava até um túnel por dentro da falésia que saía no terreno de cima, facilitando assim o transporte dos pescados até a vila no topo da falésia. Parte desta estrutura ainda existe mas o túnel foi selado por cimento e terra para impedir que o utilizassem após o último curral construído e abandonado no início dos anos 90.  Hoje em dia a prática da pesca com curral foi abolida por determinação de leis ambientais. Hoje ainda existe o que restou do último curral visível na maré seca.

A Baía dos Golfinhos ou Praia do Curral é também um dos melhores picos de ondas surfáveis do nosso litoral.  Com as condições raras e certas, é possível pegar ondas em fundo de coral que vem de alto mar e que quando entram nas bancadas mais rasas, provém longa pista e boa formação de point break.  Devido ao seu acesso dificultado e ao fato das condições de ondas ocorrerem raramente, esta onda é pouco surfada.

Suas águas na maioria das vezes é calma e propícia para o banho, natação, e prática de esportes de praia e aquáticos também.

Ocorre uma vez ao ano, de acordo com a maré um importante campeonato de futebol de praia que já é tradição da comunidade.  Neste período único do ano, a maré traz o assentamento da areia que forma um vasto tapete do tamanho de um campo de futebol, onde ao longo de alguns finais de semana seguidos é decidido o time campeão deste acirrado torneio.

Quando forem a Baía dos Golfinhos, não deixem de utilizar as dicas das marés, sempre o ideal é caminhar até a praia 2 horas antes do ponto mais baixo da maré e retornar no máximo 2 horas após o ponto mais baixo da maré.  Dias ideais são aqueles em que a maré está abaixo de 0,5m, ou seja, evite os dias de maré morta pois muitas vezes o acesso fica mais difícil devido ao fato da maré não secar ao seu máximo.

Aproveite e recolha seu lixo ao sair, minimizando o impacto ambiental e preservando as riquezas da fauna e da flora desta praia maravilhosa.

 

Por Isaac Ache. Texto originalmente publicado na Revista Bora, edição 11, Abril / Maio de 2015



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