Jacu, o engenheiro da floresta
Devido à perda de seu habitat natural com o crescimento das áreas agrÃcolas e cidades, muitas espécies estão perdendo seu espaço e diminuindo suas populações.
Essas espécies, como todas as outras, dependem das florestas e matas nativas para sua sobrevivência. E por incrível que pareça, as florestas dependem das espécies que ali habitam executando importantes papéis para a vegetação em uma região.
Um belo exemplo da importância dessa relação nós podemos observar com uma ave típica de nossa região, mas não muito comum nos dias atuais, chamada Jacu (Penelope sp.). Ela tem um importante papel para a vida das florestas Locais fazendo um trabalho de dispersora de semente de várias espécies vegetais nativas. Seu porte é bem grande podendo alcançar cerca de 70 cm da cabeça à cauda, que é bem comprida e arredondada. Uma característica muito importante para identificá-la é o papo vermelho abaixo da cabeça.
Os Jacus vivem em grupos familiares de 3 a 5 indivíduos onde utilizam o solo e as árvores para seu deslocamento em busca de alimento. Movimentam-se por trechos grandes de mata em busca de frutos e pequenos insetos. Em suas jornadas acabam se alimentando de várias sementes nativas, as quais acabam sendo levadas para outros lugares onde a ave defeca e deixa uma nova semente para germinar. Essa é uma obra prima da natureza, onde não só o Jacu, mas várias outras espécies, desempenham este importante papel. Um exemplo são os frutos produzidos por algumas espécies nativas como a Imbiridiba, o Murici e o Cavaçu-de-Rama, consumidos pelos jacus no período de florescimento.
Hoje com os poucos resquícios de Mata Atlântica na região, essas aves estão com seu ambiente natural muito reduzido e ameaçado pelo desmatamento e caça ilegal em áreas de matas ciliares e áreas de preservação como o Parque da Mata da Pipa (PEMP), que é um de seus poucos refúgios. O Santuário Ecológico desempenha um papel importante para o refúgio desses e de outros animais também.
Como toda e qualquer espécie, o Jacu tem sua função no ecossistema local como um ótimo engenheiro na distribuição das espécies vegetais nas matas. Temos que conhecer e aprender muito mais sobre as relações das nossas espécies na natureza.
Por Daniel Henrique Gil.